Ao lado do Papai Noel
no shopping
apareceu um homem de terno azul
camisa azul
gravata azul
e sapatos vermelhos.
O Papai Noel desapareceu na cena.
O homem de terno azul
e sapatos vermelhos
foi entrevistado pela TV
e até as crianças
se importaram mais com ele
do que com o Papai Noel.
Papai Noel foi embora
coadjuvante
enquanto o homem de terno azul
distribuía autógrafos
com uma caneta azul
daquelas bem antigas.
Provavelmente uma Parker 51.
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
Aurora boreal

Fonte: Foto do fotógrafo inslandês Orvar Atli Thorgiersson/Barcroft Media/BBC Brasil
Luzes coloridas dançam na noite.
A aurora boreal
mistura sensações
o vento solar
se encontra com a poeira espacial
em um casamento
magnético.
O casebre velho
e abandonado
cria o contraste
um jogo de imagens
que se completam
na noite do Polo Norte
gelada e extremamente bela.
sábado, 11 de dezembro de 2010
ESPERA INFINITA
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
MIRAS DE HOJE

Capa do livro Mira/Miragem, de minha autoria, publicado há 33 anos, em 1977. A capa é de Paulo de Tarso S.Almeida. O poema abaixo foi escrito agora.
Miro o hoje
sem apagar o ontem.
Miro o instante
sem matar a minha história.
Miro o ser, o ir, o estar, o ver.
A miragem é uma sombra
com muitos espelhos dentro.
Prefiro o reflexo
desta água de poço real
que mata a minha sede
tão real quanto o poço.
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
QUE DOM É ESSE?

Foto: Guia Folha- Divulgação
Que dom é esse
que só o Dom Salvador tem
de salvar a manhã
de outros sons
que não soam nada bem?
Dom Salvador salvou
a minha manhã
com a sua música
a sua voz doce
trazendo a melhor notícia
que é a sua música
o som do piano
o sambajazz
que ele inventou
criou
recriou
e recria
com a maestria
de quem tem dom.
Ele é o dom.
E que dom.
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
Um morto no carrinho

Foto: Felipe Dana/AP
Foi encontrado
hoje
no Morro do Juramento
no Rio
um morto
jovem
sem nome
e sem história
dobrado
em um carrinho de supermercado.
É um homem ou é um produto?
A vida virou uma coisa
que se amontoa em qualquer canto.
Uma caixa,
um carrinho,
um buraco.
A vida perdeu totalmente o valor.
Custa menos
do que cem gramas
de presunto
ou mortadela.
O morto no carrinho
é a vida
consumida
sem nenhum pudor.
Sumiu a vida.
Enquanto isso
os abutres humanos
olham para o homem dobrado
querendo invadir
o que restou da sua intimidade.
Dois espellhos
Dois espelhos na sala:
um engorda e deforma
o outro emagrece.
É melhor comprar um terceiro espelho,
mas o que fazer com esses dois
que já são tão antigos
e fazem parte da família?
um engorda e deforma
o outro emagrece.
É melhor comprar um terceiro espelho,
mas o que fazer com esses dois
que já são tão antigos
e fazem parte da família?
DEPOIS DE DOIS DIAS
Depois de quase dois dias na fila
para comprar um Ipad
segurando o tablet com as duas mãos
-para escapar de algum ladrão-
ela tropeçou
em um buraco na calçada
e caiu sobre
o seu rico objeto de desejo
agora
quebrado
talvez
para sempre.
para comprar um Ipad
segurando o tablet com as duas mãos
-para escapar de algum ladrão-
ela tropeçou
em um buraco na calçada
e caiu sobre
o seu rico objeto de desejo
agora
quebrado
talvez
para sempre.
SAIR DO LABIRINTO
Sair finalmente do labirinto
mas não entrar em outro
porque se for assim
é melhor continuar
no labirinto conhecido.
mas não entrar em outro
porque se for assim
é melhor continuar
no labirinto conhecido.
Se eu nasço
O esforço de nascer
e renascer
nunca é pequeno.
É uma recusa à morte
e nos impulsiona
a gritar
a rir
a chorar
com direito a bocejos
e outras expressões
corporais.
Se eu nasço
de novo
é porque a vida está aflorando
como flor sem nome ainda.
e renascer
nunca é pequeno.
É uma recusa à morte
e nos impulsiona
a gritar
a rir
a chorar
com direito a bocejos
e outras expressões
corporais.
Se eu nasço
de novo
é porque a vida está aflorando
como flor sem nome ainda.
Novo
Novo é o que nasce agora
sai do ovo da palavra
e ganha vida no espaço.
Novo é o que sai da caixa
do envelope
do útero
do verso
e do poema.
sai do ovo da palavra
e ganha vida no espaço.
Novo é o que sai da caixa
do envelope
do útero
do verso
e do poema.
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